Acontece com alguma frequência, especialmente quando começamos a fotografar, captarmos uma boa imagem aparentemente focada, mas que não ficou realmente como pensámos e visualizámos no ecrã da câmara no momento da foto. Um fotógrafo com experiência consegue eventualmente captar o momento rapidamente sem dificuldade, mas aqui neste artigo vou deixar algumas dicas e técnicas para fotógrafos mais novatos e vos ajudar a estabilizar a câmara em diversas posições e ângulos.
Resumidamente, poderemos apontar inicialmente para 1/100 como uma velocidade normal/baixa de obturador, mas há quem se sinta mais confortável com um mínimo de 1/200, assim como também é possível captar o momento com uma velocidade de 1/60 ou mesmo 1/50 e ainda assim, obtermos uma boa fotografia. Já a abertura do diafragma vai mudar tudo, desde um f1.8 que permite a entrada de mais luz e ainda vai criar um bokeh de fundo elegante (o desfoque) a troco de dificultar o ponto de foco exacto, até um f7.1 que permite focar mais facilmente todo o rosto do modelo, mas que requer muita luz ou uma velocidade de obturador lenta demais em algumas situações. Tudo dependerá das condições de iluminação, do cenário, do motivo a fotografar e, talvez o mais importante, o apoio que o fotógrafo tem no momento da fotografia.
O truque reside em sabermos qual a velocidade de obturador mínima que conseguimos usar até começarmos a desfocar a foto devido ao movimento da câmara. As minhas dicas estarão orientadas para ocasiões onde fotografamos sem tripé e às vezes sem flash, pois o tripé limita imenso o ponto de vista e ângulo que pretendemos; já o flash será sempre uma mais-valia, embora situações com iluminação natural possam ser preferenciais ocasionalmente.
Mas não estou aqui para vos dizer a velocidade e abertura que deverão usar no vosso trabalho, apenas irei mostrar algumas formas que ajudam a estabilizar a câmara no momento da fotografia. Irei sim, mostrar exemplos e referir os dados EXIF das minhas fotografias, mas cada um terá a última palavra sobre a metodologia e parâmetros a usar.
A posição mais simples para a maioria das ocasiões: em pé. Afastamos bem os pés para termos uma boa base de apoio e não vacilarmos com o vento. Na sessão fotográfica destas fotos, acreditem, havia muito vento…
Se tiverem uma parede ao vosso lado, usem-na. Pode facilitar imenso a estabilizar a câmara para usarem velocidades de disparo mais lentas. Sustenham a respiração…
Caso tenham uma tele-objectiva (algo acima dos 100mm) convém terem um apoio extra como uma parede, dado que a grandes distâncias, a probabilidade de desfoque pelo movimento é muito maior. Experimentem apoiar a mão esquerda no braço direito para formarem uma base para a objectiva assentar.
Melhor que uma parede, só mesmo um muro ou um corrimão onde possamos assentar directamente a máquina. Aqui abri o diafragma para conseguir desfocar um pouco do fundo e acabei por compensar na velocidade, mas teria sido possível uma boa foto com uma velocidade mais lenta, pois a máquina estava completamente assente e firme em cima do corrimão.
Quando não temos um muro nem parede para nos suportar, podemos sempre usar o nosso próprio corpo. Por exemplo, apoiados no nosso próprio joelho…
Caso a modelo esteja sentada no chão, recomendo a mesma posição para o fotógrafo.
Ou em casos extremos, podemos sempre explorar outras possibilidades para outros ângulos.
A maioria destes exemplos rondava os mesmos valores por uma questão de iluminação ambiente, mas outras ocasiões certamente irão forçar a outros valores mais restritos, como na imagem seguinte:
Esta fotografia consegui-a com uns impressionantes (até para os meus standards) f1.8 com uma velocidade de 1/20 e ISO100. Aqui o factor importante foi o corrimão que me permitiu assentar os braços, e a câmara indirectamente, sob uma base estável. Confesso que não está perfeita mas o olhar da modelo mais em foco ficou relativamente nítido; o ambiente suave e de desfoque global contribuiu para a naturalidade da imagem; nenhum flash foi usado, apenas a luz que vinha da janela em 2º plano.
Depois destas dicas e ideias, deverão conseguir estabilizar melhor as vossas fotografias. Espero que vos tenha sido útil, e já sabem, qualquer sugestão ou comentário será benvindo!
Resta-me deixar um agradecimento especial à Mónica Lopes, que não só tirou todas as fotografias onde eu apareço nesta página, mas também maquilhou a fantástica Ana Silvano que foi a nossa cobaia nesse dia. Sem esquecer a dupla de modelos na última foto, Bárbara Carvalho e Andreia Reis, cuja fotografia foi tirada no evento La Belle Epoque.