Como avaliarmos a nossa própria fotografia?
Pedir a opinião a um amigo fotógrafo mais experiente traz sempre vantagens, é sempre bom trocarmos impressões com colegas e amigos. Mas será igualmente gratificante se tivermos a capacidade intelectual e a abertura de mentalidade para sermos mais exigentes e selectivos com as nossas próprias fotografias. Após fotografar durante alguns anos, consigo notar claramente a evolução do meu percurso fotográfico. Cabe a cada um de nós trabalhar para melhorarmos a nossa assinatura e técnica próprias.
Assim sendo, irei mostrar uma série de fotografias (de modelos) acompanhadas de alguns comentários relativos a situações generalistas, seguidas de alguns exemplos de fotografias não editadas que, regra geral, não se devem publicar pelas falhas que menciono em cada uma. O que para mim será agradável ao olhar, pode não ser para outro, mas existem alguns tópicos-chave que devemos respeitar o mais possível nas nossas fotografias (algumas excepções aplicam-se).
Estes tópicos são os seguintes:
Iluminação
Uma boa fotografia terá a iluminação adequada. Mas qual a luz certa, isso vai depender do conceito, do cenário, da mensagem que queremos transmitir através da fotografia. Poderá ser uma fotografia com excesso de claridade para um retrato angelical estilo high-key, um retrato bem iluminado com sombras suaves, ou uma imagem escura com ligeiras áreas iluminadas (low-key). A claridade vai variar grandemente de acordo com o nosso motivo, cenário, e contexto.
O que evitar? Na primeira imagem, temos uma fotografia sobre-exposta com uma velocidade de obturador demasiado lenta num dia de sol brilhante. Podemos ajustar a exposição na pós-produção mas esta fotografia ficou de tal forma queimada, que não me foi possível de todo melhorá-la para níveis aceitáveis. O total oposto acontece na segunda imagem. O segundo plano da fotografia tem um desfoque agradável (o chamado bokeh) que encaminha o nosso olhar para o rosto da modelo, bem focado, mas demasiado escuro. A fotografia foi tirada com uma velocidade demasiado rápida e/ou com um valor ISO muito baixo. Aqui, a solução passaria por ter usado uma iluminação na frente da modelo, ou ajustar o controlo de exposição no software de edição. Na terceira imagem, o flash causou uma sombra feia directamente atrás da modelo. Claramente que a intenção da fotografia não era jogar com a presença desta sombra, pelo que ficou muito mal. O olhar também não ficou com um foco ideal, mas aquela sombra estraga tudo. O ideal será apontar o flash para o tecto e reflectir a luz de forma homogénea, ou usar um difusor com o flash fora da máquina.
Focagem
Onde tem de estar o foco? A fotografia tem de estar focada no local certo, mesmo que isso signifique focarmos no local mais improvável ou inesperado. Pontos de foco diferentes na mesma imagem irão passar mensagens completamente diferentes. É importante perceber como a focagem está dependente não só do ponto de foco que ajustamos no anel da objectiva, mas também do valor da abertura do diafragma. Regra geral, focamos sempre no olhar da modelo. A excepção existe se quisermos manter a modelo desfocada e dar ênfase a algum objecto ou parte do corpo. Caso existam vários modelos na foto em profundidades de campo diferentes, podemos sempre optar por focar uma modelo apenas.
O que evitar? Na primeira fotografia, vemos a modelo ligeiramente desfocada. O ponto de foco fugiu muito do rosto e acabou por tornar os olhos tremidos e sem nitidez. Nas duas outras fotos, resolvi fazer uma comparação com duas aberturas de diafragma. A segunda foto tem uma abertura de F5.6, enquanto a terceira foto tem F1.8, o máximo que a lente permitia. Tenham cuidado com aberturas demasiado grandes como esta, pois é fácil desfocar onde não pretendem. Felizmente, o olhar ficou nítido e o fundo com um efeito bokeh muito agradável e com melhor aspecto que na outra foto, onde o fundo muito menos desfocado acaba por distrair.
Enquadramento
Queremos captar toda a modelo incluindo as roupas soltas ou apenas um olhar? Uma silhueta centrada ou a desafiar o equilíbro visual? O enquadramento também poderá incluir alguma variação no ângulo para preenchermos a imagem com a modelo ao longo da diagonal. Apesar de toda esta liberdade, vamos ver como podem existir enquadramentos mais apropriados para certas situações.
O que não fazer? Cortar uma parte importante da modelo, como um um olho, um braço, etc. Podemos fotografar apenas metade do rosto, mas aí o “corte” será nitidamente ao centro, e não a passar pelo olho ou a meio de um braço, quando os outros membros estão todos visíveis. Evitem igualmente aqueles ângulos que, apesar de parecerem artísticos, não desfocam o fundo e acabam por dar a mesma importância a todos os elementos. Incluindo o corpo da modelo sem cabeça em 2º plano na terceira foto…
Existem mais tópicos a analisar em fotografia de modelos, mas estes são os cruciais se quisermos ter uma boa foto.
Resultados extraordinários são obtivos através da tentativa e erro. Não conseguimos acertar se não tentarmos…